origem

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Benfica 2 - 1 Liverpool

Cheiro a Mundial


Nasci para viver noites destas. É muito bonito estar na Luz a apoiar e a sofrer para ganhar ao Paços de Ferreira ou Naval (com todo o respeito que os clubes merecem) mas estas vitórias é que nos enchem a alma.
Olhar para dentro de campo e ver que contra nós estão a jogar alguns dos melhores jogadores que vamos poder ver brevemente no Campeonato do Mundo como Agger, Mascherano, Gerrard, Babel, Kuyt, ou Fernando Torres, transforma a noite num misto de emoções entre o nervosismo de querer ganhar e o privilégio de ver ali bem perto os passes de Steven Gerrard.

No meu caso tudo ainda é mais especial pois conheço quase tão bem a equipa adversária como a minha. Vejo-os semanalmente na televisão e costumo "treiná-los" no FM. Tudo me é familiar.

Vamos ao jogo. O Benfica sem Saviola entrou improvisando na frente um Aimar mais avançado deixando Martins mais atrás. Como já tenho notado noutros jogos quando defrontamos equipas com dois médios defensivos fortes, o Benfica perde-se durante algum tempo sem posse de bola. A juntar a isso o Liverpool tomou conta do jogo logo cedo e chegou ao golo antes dos 10' num livre típico de Gerrard que simula levantar a bola para a área acabando por passar rasteiro para a entrada, neste caso, de Agger. É uma jogada muito usada pelos ingleses, devia ter havido ali mais concentração nossa.

Mas, mais uma vez, a resposta da nossa equipa foi fantástica e com ajuda do público o Benfica tomou conta do jogo foi para cima da baliza de Reina e conteve melhor os nervos do que Babel que acabou por ser expulso deixando o Liverpool tentado a recuar e a defender o golo.
Falhámos muito na finalização. Tal como em Marselha voltámos a fabricar oportunidades para marcar mas na hora de meter a bola lá dentro tudo saía mal. De longe, na área, pelo ar, pela relva, faltou sempre eficácia na hora de finalizar. E contra equipas desta qualidade isso pode ser trágico como se viu por alturas de um 0-2 bem anulado. Neste capítulo ando preocupado com a apatia de Cardozo em lances de bola corrida.

Já a jogarmos para a baliza grande, onde Reina já tinha sido batido por Luisão em 2006, o Benfica intensificou o ataque. Na altura penso que já se justificava a entrada de outro atacante para o lado de Cardozo mas este resolveu mostrar que se não vai lá de bola corrida então ia de bola parada. Um livre directo superiormente marcado leva a bola ao poste e na continuação acontece uma falta indiscutível sobre Aimar. Desta vez o árbitro marcou.
Nos segundos que antecedem a cobrança de Cardozo há um pânico silencioso na Luz. Será que ia marcar? Cardozo esta noite redimiu-se dos falhanços anteriores e não só empatou o jogo como voltou a marcar depois de uma mão na área de Carragher e lançou o Benfica para a frente da eliminatória.

É engraçado ver uma equipa como o Liverpool que costuma andar a disputar acessos às finais da Champions em plena Luz a queimar tempo e até a levar amarelos por retardar a reposição de bola. Gosto de sentir o Benfica a jogar de igual para igual com um emblema que é dos mais famosos do Mundo que ao nível de conquistas de Taças dos Campeões só fica atrás de Milan e Real Madrid.

O jogo acabou por ter características especiais em que permitiu ver o Benfica atacante que nos tem deslumbrado este ano, e um Liverpool em expectativa também por força da expulsão de Babel.

A verdade é que ganhámos o jogo (em 2010 não perdemos um único jogo) estamos lançados na discussão ao acesso das meias finais e vamos a Anfield com legitimas esperanças porque acredito sinceramente que o Benfica faça golos em Liverpool. Vão ser mais 90 minutos bonitos numa competição que para nós tem sido um autêntico bónus que nos permite viver jogos históricos. Ontem fizemos mais um pouco de história que eu acredito que vá parar no Mónaco.

Um apontamento final para os amigos rivais que se precipitaram em mandar sms a seguir ao golo de Agger. Meus amigos isto quando (e se tiver que acabar) acaba. Mas acaba de forma triunfal pois somos a única equipa nacional em prova, pois estamos já a medir forças com clubes de orçamento ao nível da Liga dos Campeões de onde vieram Liverpool e Marselha e porque já fizemos a nossa história ao sermos o Benfica mais goleador da história da UEFA. E quando (e se) isto acabar olhamos para dentro e vemos o título já ali a meia dúzia de jornadas. Portanto, guardem essa azia que vos alimenta desde a noite em que perdemos na Grécia, ok?

A todos os que estão a pensar ir a Anfield Road; vão mesmo não percam a oportunidade de ir conhecer um dos estádios mais míticos do mundo. Vão viver aquele ambiente fabuloso, vão a uma das casas do futebol porque é um momento único. Eu fui em 2006 e vivi um dos dias mais felizes da minha vida. Desejo-vos essa sorte já que desta vez não vou poder ir.

Para acabar quero dizer que sinto um enorme orgulho de pertencer a um clube cujos associados ovacionam um jogador da classe de Steven Gerrard quando este é substituído. Não é um Ruben Micael, é um dos melhores jogadores do mundo e os nossos sócios mostraram uma cultura futebolística que muito me orgulha. Ao nível do que vi em Anfield quando os reds aplaudiram Simão.

E agora venha o jogo com a Naval, todos à Figueira da Foz.

2 comentários:

  1. Os teus textos estão cada vez mais inspirados, a lembrar velhos tempos do Terceiro Anel quando vcs foram campeões pela última vez. É difícil ler sobre o Benfica sem ser com facciosismo, mas aqui no teu "tasco" as coisas mudam de figura.

    abraço

    ResponderEliminar
  2. Bonito texto, em que demonstra na totalidade o ambiente vivido ontem no estádio (eu estive lá!). Mas tenho que comentar o deplorável comportamento da claque do benfica ao lançar por 2xs um petardo ao árbitro de baliza, que levou inclusivé á paragem do jogo por 2x. Comportamento esse que foi de pronto censurado por uma das bancadas centrais da nossa catedral. Apoiar sim, actos como estes, dispensam-se.

    Abraços Gloriosos

    ResponderEliminar