Por Ricardo Araújo Pereira, A Bola
QUAL é a profissão mais perigosa do mundo? Militar? Polícia? Não: funcionário do Porto. É incrível, mas os funcionários do clube da organização são os que se encontram mais vulneráveis ao crime organizado. Quem trabalha para o clube do rigor está mais perto do rigor mortis. Derlei foi ameaçado, Costinha ameaçado e insultado, Paulo Assunção ameaçado, insultado e perseguido. O carro de Cristian Rodríguez ficou com os vidros partidos, o de Co Adriaanse levou com um very light. As agressões são tão eclécticas quanto o próprio clube, e por isso não esquecem as modalidades: o basquetebolista Matt Fish foi agredido num escritório, e agora o futebolista Adriano, 11 dias depois de ter sugerido que iria fazer revelações polémicas sobre o Porto, foi espancado à porta de uma discoteca. A violência contra funcionários do Porto é tão frequente que devia ser contratualizada e comunicada à CMVM: «O jogador Adriano assinou contrato por três anos com a FC Porto SAD, ao longo dos quais vai auferir um salário de 35 000 euros mensais e enfardar duas cargas de pancada por trimestre».
O mais surpreendente é que tudo isto aconteça impunemente a empregados do clube da gestão altamente profissionalizada. O Porto não consegue proteger os seus trabalhadores, nem parece interessado em fazê-lo. Nunca os dirigentes do clube da competência e da estrutura vieram a público manifestar indignação contra quem agride os seus funcionários. Não se ouve um apelo às autoridades, uma intenção de agir judicialmente contra incertos, um pedido para que os bandidos vão agredir gente de outras colectividades. Nada. Mas talvez o problema seja a enorme quantidade de suspeitos: quem teria interesse em agredir um jogador que está a treinar-se à parte porque recusa há anos as soluções de transferência que o Porto lhe propõe e duas semanas antes da agressão, disse: «Quando eu decidir falar, saiam da frente»? Tanta gente.
Pelo menos, agora percebemos melhor o que Adriano quis dizer: «Quando eu decidir falar, saiam da frente, porque nessa altura já não devo ter dentes e sou capaz de ter dificuldades em controlar a saliva».
No final do jogo contra o Paços de Ferreira, Jesualdo Ferreira lamentou: «É fácil expulsar Hulk em Portugal». Alguém console o professor, porque está a chorar em vão. Na verdade, não é assim tão fácil. O que continua a ser fácil, em Portugal, é anular golos aos adversários do Porto no último minuto. Expulsar o Hulk é até bastante difícil, na medida em que, ao contrário do que sucede com os outros jogadores, Hulk só recebe ordem de expulsão ao fim da segunda infracção para vermelho directo: a bofetada a um jogador do Paços de Ferreira nem amarelo valeu, e a tesourada por trás justificou, com favor, um relutante segundo amarelo.
Embora ache que Hulk devia ter sido expulso ainda na primeira parte, gostaria de deixar claro que não condeno o seu comportamento. Pelo contrário, até acho ajuizado que os jogadores do Porto pratiquem actos violentos em campo. É uma maneira de mostrar a futuros capangas que também têm jeito para andar à pancada. Pode ser que os desencoraje.
domingo, 23 de agosto de 2009
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Olha que não são só os funcionários do FCP, também me lembro de um Vereador da Câmara de Gondomar que teve sorte idêntica. Aqui já nem era só o FCP especificamente, era o próprio sistema nortenho que estava (está) montado naquilo que ficou conhecido como "Apito Dourado (Azulado)".
ResponderEliminarMas, a lista de pessoas mal-tratadas, directa ou indirectamente relacionadas com o FCP, é infindável...
O mais incrível é no entanto que os simpatizantes e sócios minimamente inteligentes (muito poucos com certeza) desse clube não se sintam indignados e envergonhados. Antes pelo contrário, encorajam e dão-lhes sempre razão... Quando se trata de defender o seu clube, o cérebro parece que se lhes congela, se é que o têm... Ficam absolutamente cegos. Por isso, é normal termos um amigo simpatizantes dessa coisa lá de cima, que até parece uma pessoa normal, dizer barbaridades como: "Esse filho-da-puta bem que a estava a merecer [a sova]"... quando uns anos antes até os ajudou a ganhar títulos com golos em vitórias tangenciais...
Cambada de tristes, ressabiados e delinquentes!