terça-feira, 4 de maio de 2010
A Viagem ao Porto de Comboio Vista de Fora Vivida por Dentro
Sem dramas nem pedagogias, o jornalista Pedro Soares esforça-se por contar a sua experiência vivida por dentro. Merece destaque aqui no Red Pass.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
porto 3 - 1 Benfica
Em 15 jogos fora do estádio da Luz que tivemos de fazer esta época para o campeonato fui a 12. Como sei que em Olhão e Paços de Ferreira (as duas cidades onde não estive) não houve fins de semana de terror posso dizer com conhecimento de causa que o pior ficou mesmo para o último jogo.
Jogar no Porto é uma experiência (má) única. É como se uma vez por época tenhamos que ir ver e ouvir com os nossos próprios olhos o sentimento de ódio doentio de um povo que se encosta a um clube de futebol que por sua vez aproveita a força popular para mostrar todo o seu complexo de inferioridade em relação ao maior clube de Portugal, símbolo da Capital do nosso país.
Para nós era só mais um jogo de futebol onde até podíamos ser campeões nacionais, só mais uma viagem onde íamos ser mal recebidos, apenas e só uma partida que nem precisávamos de vencer.
Para eles foi toda uma semana dedicada a incendiar o jogo, as casas do Benfica atacadas, as ameaças, os apelos à violência, tudo para meter medo.
Enquanto os visados são os adeptos do Benfica que insistem em ir à cidade do Porto ver o jogo tudo controlado porque , como se viu, nós aparecemos sempre e enchemos o topo do Dragão para apoiar a nossa equipa.
Agora quando atacam a equipa de futebol e os seus técnicos em plena viagem para a cidade e depois voltam a atacar na ida para o estádio então aí já tenho as minhas dúvidas se não estamos a ultrapassar todos os limites.
Como é possível que um autocarro com uma equipa de futebol profissional seja atacado no seu caminho para o estádio chegando ao ponto de ferir jogadores?!
Vou deixar aqui bem claro para que fique registado que por mim ontem os responsáveis do Benfica perderam uma enorme oportunidade de acabar com aquele circo de ódio e mostrar ao mundo o que é se passa naquele cantinho de Portugal. Não vou nem dramatizar nem teorizar, para mim depois de a integridade física dos nossos jogadores ter sido posta em causa eu ficava muito contente que o autocarro do Benfica desse meia volta e só parasse na Luz. Depois o Benfica apresentava por escrito as razões sustentadas nos relatórios e imagens da polícia à Liga e à FPF (que obviamente se estariam nas tintas) e à UEFA e à FIFA que nestas coisas de segurança não costumam brincar. E que consequências teriam para nós esta balda? No máximo 3 pontos, digo eu, que por acaso nem nos fazem falta porque podemos fechar o campeonato em casa pontuando com o Rio Ave. Era isto que eu gostava que o Benfica tivesse feito.
Fomos a jogo mostrando estar acima de tudo isto e tentámos ganhar uma guerra que não é nossa. Perdemos porque o Porto ontem deu tudo o que tinha pelo orgulho de uma região que não admitia um Benfica campeão no seu terreno. A equipa do Porto fez o que tinha a fazer ganhou porque teve mais alma que o Benfica.
Não, não vou falar dos cartões mostrados aos nossos jogadores nem de casos de jogo. Não me interessam, fomos a jogo e perdemos deixámos o orgulho e o ódio daquela gente falar mais alto e adiámos pela 1ª vez a hipótese de sermos campeões. Não há drama nenhum, até aqui não tínhamos confirmado a conquista do título porque o Braga não deixou, nós temos sempre cumprido a nossa parte. Ontem fomos nós que não conseguimos e o Braga continuou a cumprir a sua parte. Na última jornada temos casa cheia uma tarde de sol (sim, não se lembrem de marcar o jogo para depois das 19h!!) e um dia inteiro para saborearmos a conquista de um título que só conheceu duas noites negras, curiosamente na casa dos clubes gémeos deste campeonato.
Foi um dia passado a viajar de combóio, 10 horas no total, só para estarmos ao lado da nossa equipa e mostrarmos que estamos sempre com eles.
Deixo um beijinho para a Mãe Dalila que ontem não só não esteve com o filho como andou o dia todo agarrada ao telefone preocupada no dia da Mãe.
Deixo uma nota final para dizer que gosto muito de ver a maneira como adeptos e jogadores do FC Porto estavam felizes dentro e fora do estádio na noite em que ficaram a saber que não passam do 3º lugar atrás do braguinha e que desta vez não vão mesmo meter os pés na Liga dos Campeões! Mas a sua alegria foi comovente. É precisamente a mesma alegria que vejo noutros campos quando não perdem connosco. Assim de repente lembrei-me da noite em que perdemos na Trofa e aquela gente ficou doida de contentamento uma histeria que acabou com o clubezinho a regressar à Liga de Honra. O princípio é o mesmo e enquanto a prioridade máxima do nosso futebol for "vencer o Benfica a todo o custo" seremos sempre maiores.
Venha de lá o título no último jogo da época.
domingo, 2 de maio de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
Luz ao Fundo do Túnel
São cinco os jogadores do FC Porto no fio da navalha Além de Sapunaru e Hulk, também Helton, Fucile e Rodriguez foram flagrados Vídeo vai estar na posse da Liga |
Por Rui Baioneta |
Agrava-se o cenário para o FC Porto no rescaldo do clássico que opôs, na Luz, no passado dia 20 de Dezembro, águias e dragões. Depois do jogo, e em função dos relatórios do árbitro e do delegado da Liga, foi instaurado processo disciplinar aos portistas Hulk e Sapunaru, que ficaram automaticamente suspensos até à conclusão do processo pela CD da Liga, circunstância apenas possível devido a uma alteração ao regulamento proposta pelo FC Porto e aprovada pelos restantes clubes, com excepção do Benfica, que se absteve. Agora, através das imagens dos incidentes colhidas pelo sistema de vídeo-vigilância do Benfica, que chegarão à Liga, A BOLA sabe que também Helton, Fucile e Cristian Rodriguez poderão estar sujeitos a averiguação disciplinar. OS ACONTECIMENTOS Rebobinemos a fita e relembremos os acontecimentos posteriores ao Benfica-FC Porto que estão na raiz da tempestade que se aproxima a passos largos: quando a partida terminou, no túnel do estádio da Luz cerca de uma dezena de stewards da empresa PROSEGUR, que trabalhavam sob a supervisão de um coordenador, recebendo ainda instruções do delegado da Liga (ao mesmo tempo que Carlos Lucas, o novo responsável pela organização de jogos, assistia aos procedimentos) instalaram-se a meio do corredor no sentido de separarem águias e dragões no momento do regresso às cabinas. Tudo decorreu dentro da mais absoluta normalidade até ao momento em que todos os jogadores entraram nos balneários. Os benfiquistas foram os primeiros a recolher à cabina, sem que nada de especial houvesse a assinalar e os portistas chegaram pouco depois, cabisbaixos e contrariados com o resultado, tendo até Fernando exteriorizado a amargura com um pontapé na manga extensível. O último jogador a regressar das quatro linhas foi David Luiz, que tinha ficado para trás a encaminhar um adepto que saltara para o relvado para o saudar, até às bancadas. O defesa do Benfica passou por Hulk, a quem deu um abraço, seguidamente despediu-se da mesma forma amigável de Helton e dirigiu-se à cabina encarnada. Quando todos os jogadores já estavam nos balneários, a equipa de arbitragem liderada por Lucílio Baptista chegou ao fim da manga e nesse mesmo instante vários jogadores do FC Porto saíram da cabina e dirigiram-se ao local por onde os árbitros estavam a passar. Imediatamente, os stewards colocaram-se em posição, impedindo qualquer contacto dos dragões com a equipa de Lucílio Baptista que, excepção feita ao quarto árbitro João Ferreira, seguiu caminho. Imediatamente depois de Lucílio Baptista ter saído de vista, começou uma discussão onde também participou Reinaldo Teles, delegado ao jogo do FC Porto, que descambaria numa incrível cena de pancadaria. BALBÚRDIA NO TÚNEL Perante o olhar atónito, entre outros, do delegado da Liga, de João Ferreira, de Carlos Lucas e de Rui Costa, Sapunaru e Hulk, numa primeira fase e Helton, depois, tiraram satisfações do coordenador dos stewards (que tinha colete laranja, enquanto que os seus subordinados vestiam colete amarelo), sem que seja perceptível qualquer agressão prévia deste que, inclusivamente, nem se encontrava na linha da frente. Depois de rodearem os restantes stewards, Hulk e Sapunaru envolveram-se com o coordenador e se as investidas de Hulk não deixaram rasto líquido, já o mesmo não pode dizer-se da acção de Sapunaru que, com um soco de esquerda, abriu a testa do funcionário da PROSEGUR. Para acabar esta cena, Helton também chegou a vias de facto, aplicando, à frente de mais de uma dezena de testemunhas, um pontapé no baixo ventre ao coordenador dos stewards. Este seria suturado, à ferida na testa, na cabina do Benfica sendo mais tarde transportado ao Hospital. Apresentou queixa na Polícia contra Hulk, Helton e Sapunaru e será visto, esta semana, no Instituto de Medicina Legal. Entretanto, as autoridades policiais já solicitaram ao Benfica uma cópia dos registos de vídeo-vigilância, que pretendem juntar ao processo-crime. 'sururu' URUGUAIo Mas não foram só Hulk, Sapunaru e Helton a envolverem-se na zaragata do túnel. Também os uruguaios Fucile e Cristian Rodriguez viram a sua acção registada para a posteridade na terceira parte do clássico de 20 de Dezembro. O envolvimento dos uruguaios não foi com o coordenador dos stewards, que esteve no olho do furacão com Hulk, Sapunaru e Helton, mas sim com um dos seus subordinados. A BOLA sabe que as imagens mostram claramente os internacionais celestes (e também Sapunaru) a puxar um dos stewards de colete amarelo, atingindo-o de seguida com vários socos. São imagens claras e inequívocas, até porque os dois sul-americanos ainda tinham o equipamento, com nome e número nas costas, vestido. Também o steward atingido por Fucile, Rodriguez e Sapunaru apresentou queixa na polícia, tendo, como sucedeu no caso do coordenador, sido solicitada pelas autoridades a entrega dos registo-vídeo para fazerem parte do processo que está em fase de investigação. O QUE SE SEGUE Para já, com Hulk e Sapunaru (aqueles cujo comportamento foi detectado por João Ferreira) preventivamente suspensos, a Comissão Disciplinar da Liga deverá, ainda esta semana, começar a debruçar-se sobre o processo disciplinar em curso. Uma das peças mais relevantes, que correrá ao lado da prova testemunhal, é aquela que resulta da vídeo-vigilância, feita, no caso do estádio do Benfica, por quatro câmaras que permitem a plena observação simultânea de todas as fases dos incidentes, sem deficiências de luz, de cortes ou de deficiências técnicas que já impediram que outros casos tivessem a sequência normal. Em breve se terá, em primeiro lugar, uma ideia mais concreta sobre os timings de resolução do caso que está em cima da mesa da Comissão Disciplinar; depois a decisão sobre eventuais medidas cautelares a aplicar relativamente a Helton, Fucile e Cristian Rodriguez. Em paralelo correrão os processos desencadeados, junto das autoridades policiais, pelos dois funcionários da PROSEGUR agredidos no túnel da Luz, contra os cinco jogadores do FC Porto. |
Regulamento prevê penas pesadas |
Ainda esta semana haverá desenvolvimentos, em sede da Liga, do caso do túnel da Luz |
Sobre Helton, Cristian Rodriguez e Fucile paira o espectro de uma penalização dentro dos parâmetros a que de momento se habilitam Sapunaru e Hulk. O Regulamento Disciplinar daLiga (RD) prevê sanções severas para casos de agressão de jogadores a outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanência nos recintos desportivos (e menos severas se se tratar de resposta a agressão). É precisamente isso que decorre dos termos do artigo 115.º,n.º1, e) e f) e n.º 2; e do artigo 120.º. O RD,no que respeita a agressões,na forma consumada ou tentada, por jogadores, reza assim: ARTIGO 115.º 1.- São punidas nos termos das alíneas seguintes as agressões praticadas pelos jogadores contra (...) delegados ou outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanência no recinto desportivo: e) Agressão que determine lesãode especial gravidade quer pela sua natureza quer pelo período de incapacidade: suspensão de 1 a 6 anos e multa de € 5.000 (cinco mil euros) a € 25.000 (vinte e cinco mil euros); f) Agressão em outros casos: suspensão de 6 meses a 3 anos e multa de € 2.500 a € 7.500 . 2. Os factos previstos nas alíneas do número anterior quando na forma de tentativa são punidos com os limites das penas acima indicadas, reduzidas a metade. ARTIGO 120.º 1. a) Resposta a agressão: suspensãode 2 a 6 jogosemulta de € 1250 (mil duzentos e cinquenta euros). Agora, serão, por certo, a abundante prova testemunhal e o suporte vídeo a fornecer elementos para a sentença que se quer rápida. |
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Somos Nós Que Vamos na Frente
Pela segunda vez em dez anos, as "águias" partem para o clássico na Luz com vantagem pontual sobre os "dragões". A última foi em 2004/05: eram líderes com quatro pontos a mais.
É uma vantagem mínima, mas serve para reconfortar os corações benfiquistas nas contas com os rivais portistas. O golo de Nuno Gomes nos descontos na partida da última jornada em Olhão permitiu aos "encarnados" empatarem com o Olhanense (2-2) e somarem um ponto. Um ponto precioso para deixar os lisboetas em vantagem na tabela classificativa sobre o FC Porto - esta é apenas a segunda vez em dez anos que as "águias" chegam ao clássico da Luz com mais pontos que o adversário nortenho. Na última vez que tal aconteceu, Giovanni Trapattoni levou o Benfica ao título de campeão, na temporada de 2004/05.
Na altura, o Benfica perdeu o jogo, por 0-1. Foi McCarthy quem decidiu o encontro da sexta jornada, segundo os portistas; ou o árbitro (Olegário Benquerença), como preferirem, por não ter validado o remate de Petit que Baía não segurou. O certo é que o FC Porto de Víctor Fernández derrotou o Benfica de Trapattoni e, na altura, ficou a um ponto dos "encarnados", que se seguraram na liderança - uma liderança intermitente no resto da prova que acabaria, no entanto, por resultar no último campeonato conquistado pelas "águias".Apesar de partilhar a liderança com o Sp. Braga esta época, só por uma vez o Benfica recebeu o FC Porto na condição de líder isolado. E foi precisamente no ano de 2004. E esta é uma situação inédita para Jesualdo Ferreira, enquanto treinador dos portistas, pois parte em inferioridade pontual para o clássico da Luz, depois de três temporadas a apresentar-se como líder. Jorge Jesus estreia-se nos clássicos numa posição ligeiramente mais confortável.