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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Um Ano de Benfica TV: Entrevista ao Director Ricardo Palacin

A Benfica TV está de parabéns! Melhor do que ninguém, o seu director para fazer um balanço do primeiro ano de vida deste projecto inovador em Portugal e que, volvidos 365 dias de 24 horas de emissão diárias trouxe consigo uma autêntica revolução no paradigma existente. Um olhar sobre os sonhos iniciais, a realidade dos obstáculos enfrentados e as metas atingidas e, também, como não poderia deixar de ser, as perspectivas futuras…

- Um ano volvido, olhando com realismo para a televisão do Clube, esperava que a Benfica TV se transformasse no motor da revolução do Benfica, num novo paradigma?
- Há uma situação de que me recordo várias vezes, ainda não existia a Benfica TV: no dia de uma Assembleia Geral, um sócio do Benfica veio ter comigo e disse-me que, apesar de toda a boa vontade, a Benfica TV iria ser um “flop” como foram todos os outros canais ao serviço dos clubes! Contrariamente à opinião deste sócio, eu nunca tive a mais pequena dúvida de que nunca seria um “flop”, que seria sempre um sucesso, olhando até à dimensão do Benfica… uma dimensão que eu não calculava que fosse tão grande. Na minha opinião a Benfica TV teria um papel determinante no acordar deste gigante adormecido, toda esta massa humana, que mais uma vez afirmo, nunca pensei que fosse tão grande.

- Olhando para a grelha de programação, de início, a Benfica TV surge com um modelo próximo ao do Jornal “O Benfica”, em termos grelha de programas, reforçando também a vertente informativa, transformando-se ao longo deste ano numa “agência noticiosa do Clube”. Foi uma intenção deliberada?
- Sem dúvida! Esse tornou-se um dos principais objectivos ao longo do crescimento e desenvolvimento inicial do canal. Estamos a falar de um canal por cabo, que emite 24 horas por dia, com uma média de oito a dez horas novas diariamente. Quando falo em horas novas refiro-me não só a directos, pois este canal produz cerca de 95 por cento de tudo aquilo que emite. Depois, tivemos que olhar para a nossa equipa…e tínhamos duas opções: ou investíamos na grelha e não investíamos em pessoal (comprávamos enlatados), ou então explorávamos uma outra opção que passava por investir na formação da própria equipa, que foi o que fizemos de forma eficaz, fazendo deste um meio de comunicação poderoso ao serviço do Benfica, mais poderoso do que o Jornal e a própria Revista poderiam ser, por razões óbvias. Querer fazer deste canal uma agência noticiosa ao serviço do Benfica fazia parte dos objectivos iniciais, e com passar do tempo tornou-se verdadeiramente uma das metas a atingir…

- No jornal “O Benfica” temos a noção que somos o “agente provocador do sistema”. Durante este primeiro ano acha que a Benfica´TV se transformou num elemento “desagregador do sistema desportivo” que se vive em Portugal?
- Penso que, acima de tudo, a Benfica TV cavou um fosso maior entre o benfiquismo e o antibenfiquismo e aqui, no antibenfiquismo, coloco também a Imprensa desportiva portuguesa diária, por mais isenta que ela seja. Ainda que não seja o nosso primeiro objectivo, isto engrandece o Benfica, porque o Benfica prova por A mais B que está atento a tudo e só assim consegue vencer. Nós, aqui, é que estamos no lugar certo, não são os outros, esses estão-nos a combater e para eles o mais importante é que o Benfica não ganhe, não seja campeão, isto em vez de lutarem por objectivos próprios. Penso que viemos introduzir uma nova era na verdade desportiva. Somos e seremos sempre clubísticos!

- Olhando para daqui a vinte anos, por exemplo, e sendo um dos precursores da Benfica TV, como julga que este momento, este nascimento do Canal vai ser visto?
- Esta televisão é um “case study” ao nível mundial! Nós só temos a concorrência de outros canais ao serviço de clubes, porque mais ninguém é concorrente da Benfica TV. E até o mais céptico, o antibenfiquista, tem de admitir que a Benfica TV é claramente superior a esses “canais”. E isso vai ser reconhecido…Se o Benfica perder, se se entrar num ciclo em que o Clube não consiga ganhar, nós não podemos estar somente dependentes da equipa de Futebol… Uma grelha que diga respeito somente a isso, arrisca-se a estar colada e dependente dos resultados desportivos, daí ser determinante apostar em outras áreas. Obviamente, que se no próximo mês dedicássemos quase toda a emissão ao Futebol, por exemplo, sabemos que as audiências iam aumentar em larga escala e até o próprio consumidor iria ver aumentado o seu grau de satisfação, mas e depois? Como seria o mês seguinte? E o ano seguinte? Estaríamos a distribuir o ouro todo de uma vez e não criaríamos ciclos emocionais, vulgarizando o melhor que temos para oferecer…Seremos sempre vistos como uma televisão precursora, mas à escala mundial. E hoje estamos numa plataforma livre, de livre acesso, não somos “pay per view”, mas se um dia isso acontecer, tudo mudará e todo o futuro da Benfica TV mudará, tal como se passarmos para o mercado exterior… A partir do momento em que se dê a internacionalização corremos poucos riscos de sermos tão vulneráveis aos desempenhos desta ou daquela equipa.

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