COMO foi estar de fora nos últimos dois jogos do Benfica, frente a Naval, para a Liga, e V. Guimarães, para a Taça?
— Sofri muito. Custa muito estar de fora. Ainda por cima perdemos o segundo jogo, com o V. Guimarães... É duro não poder ajudar os meus companheiros.
— A equipa só conseguiu marcar um golo à Naval, nos últimos minutos, e ficou em branco com o V. Guimarães, sendo eliminada da Taça. É a prova de que você é imprescindível?
— Não, não... A equipa jogou muito bem nos dois jogos. Contra a Naval, o Benfica fez mesmo um jogaço e só não ganhou por maior vantagem porque não aproveitou as várias oportunidades criadas. E contra o V. Guimarães foi a mesma coisa: várias ocasiões para marcar, mas por algum motivo a bola não entrou e perdemos.
— Faz sábado 23 dias que não joga nem marca pelo Benfica. A última vez foi em Goodison Park, com o Everton. Está muito ansioso pelo regresso aos relvados e aos golos?
— Quero jogar sempre. Como já disse, sofri muito nos últimos dois jogos, mas esta semana, felizmente, já posso jogar novamente e oxalá tenha a oportunidade de retomar o que estava a fazer antes da suspensão.
— Está com fé que vai marcar ao Sporting?
— Não sei, darei o meu melhor. Primeiro tenho de pensar no Benfica e só depois em mim. Acima de tudo queremos ganhar como equipa e tudo faremos nesse sentido.
— Mas está com saudades dos golos?
— Sim, é normal. Quero marcar sempre que jogo pelo Benfica. Se as oportunidades surgirem, vou tentar aproveitá-las ao máximo.
— Nos dois últimos jogos para a Liga em Alvalade você marcou mas o Benfica não ganhou. Desta vez a história será diferente?
— Deus queira que sim porque estamos necessitados dos três pontos e vamos entrar para ganhar, como em todos os jogos. Vai ser um jogo muito duro porque o Sporting tem jogadores muito bons e também precisa muito dos três pontos. Vai ser bonito.
«Não há favorito
é vida ou morte»
— O Sporting tem o orgulho ferido e tenta iniciar uma nova etapa, com um novo treinador; o Benfica tem 11 pontos de avanço e tenta chegar ao primeiro lugar. Quem é favorito, quem tem mais responsabilidade e pressão?
— Não há favorito, estes jogos são de vida ou morte. Os clássicos são encontros muito diferentes dos outros. Só pensamos em fazer o melhor, tal como o adversário, e será difícil para ambas as equipas. Ganhará quem souber fazer melhor as coisas.
— Vencer em Alvalade pode ser fundamental na corrida para o título?
— Sem dúvida. Para nós seria um grande passo. Oxalá que consigamos conquistar os três pontos e continuar na frente.
— O Sporting ainda pode ser considerado candidato ao título ou a luta está resumida a Benfica, Sp. Braga e FC Porto?
— O Sporting ainda tem possibilidades porque falta muito para terminar o campeonato. O Sp. Braga tem sido a grande surpresa porque quase não tem perdido pontos. Da nossa parte vamos tentar ganhar todos os jogos que temos pela frente.
— Acredita que este pode ser o ano do Benfica?
— Não sei. Estamos a fazer bem as coisas e estamos no bom caminho.
«Troco bola de prata pelo título nacional»
— Haverá um duelo particular de goleadores com Liedson, dentro do próprio derby?
— Não, nada disso. Quero é vencer, não importa quem marca. Pode ser o Saviola, o David Luiz ou o guarda-redes.
— Claro que o colectivo é sempre o mais importante, mas tem também aspirações a troféus pessoais como a Bola de Prata ou a Bota de Ouro?
— Penso um pouco nisso, mas não em demasia. Estou mais concentrado no colectivo, como é óbvio. Trocava a Bola de Prata pelo título de campeão.
— Já se sente um goleador de eleição ou acha que ainda não atingiu todo o seu potencial?
— Ainda tenho muito a melhorar e é isso que procuro fazer em cada jogo, cada treino, para chegar onde quero.
— O que tem contribuído para a sua elevada veia goleadora? É só o bom momento da equipa ou você também está mais adaptado e com o faro mais apurado?
— As duas coisas. A equipa está a jogar muito bem e eu tenho tido o mérito de estar bem também. Se continuarmos assim vamos chegar longe este ano.
— Traçou alguma meta de golos para esta temporada?
— Não, mas quero fazer muitos golos e ser campeão pelo Benfica.
— Saviola tem sido um bom parceiro de ataque?
— Temos jogado muito bem, com um entendimento muito bom, e isso é importante para a equipa.
«Não podemos
agradar a todos»
— Acha que já convenceu definitivamente toda a gente, mesmo os mais cépticos em relação às suas características?
— Não. Haverá sempre gente a criticar-me, mas o futebol é assim, não podemos agradar a todos. Da minha parte procuro melhorar algumas coisas, por forma a continuar a ajudar o Benfica.
— Mas o que sente um avançado que marca tantos golos e às vezes é criticado por não ter um bom pé direito ou ser lento?
— Nada, sinceramente. Em todos os clubes de qualquer parte do mundo os jogadores estão sujeitos às críticas e lidam com elas como bem entendem.
— Como tem sido trabalhar com Jorge Jesus?
— Muito bom. É um grande profissional que chegou ao Benfica e está a mudar tudo. Isso é muito importante para o clube porque há muito tempo que o Benfica não ganhava torneios tão importantes, mesmo que não oficiais. É um grande treinador e uma grande pessoa, tal como todas as pessoas que tem junto de si.
— Os seus golos têm despertado a cobiça de vários clubes. Com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros, como encara o futuro?
— Não penso muito nisso, sinceramente, porque se o fizer não vou render no Benfica, e se não render no Benfica não haverá clube que me queira. Portanto, tenho é de pensar no presente, jogar bem e fazer muitos golos. Só assim poderei ter muitas equipas interessadas.
Cardozo mostra pouca disponibilidade e vontade para abordar o delicado tema da sua suspensão por dois jogos, na sequência da ordem de expulsão recebida ao intervalo do jogo com o Sp. Braga, para a Liga, no dia 31 de Outubro de 2009, por alegada agressão a André Leone. Ainda assim, faz questão de vincar a sua inocência e contar, em breves palavras, a sua versão dos acontecimentos.
«Apenas digo que a informação colocada pelo árbitro no relatório não foi verdadeira, pois no túnel nada se passou. Fui directamente do relvado para o balneário. O árbitro terá escrito que me peguei com um jogador do Sp. Braga, perto da zona do nosso balneário, mas isso não corresponde à realidade. Tudo o que aconteceu foi o que se viu nas imagens televisivas, ainda no relvado, junto ao túnel. Fui agredido mas não agredi ninguém», conta.
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